Sunday, March 18, 2007

E tudo por causa de uma garrafa partida....


Ontem foi um dia diferente. Levámos os miúdos ao Parque das Nações, depois de uma travessia do deserto, perdão, Caxias, durante 25m à torreira do sol, e de sermos quase expulsos de todos os meios de transporte da Capital (minto, não chegamos a andar de autocarro!). Depois do que pareceram horas de intensa labuta, lá chegámos ao Pavilhão do Conhecimento e o que é certo é que a visita correu muito bem. Estava tudo a delirar com as experiências e à excepção de um Parcour improvisado nas escadarias do Pavilhão, estavam todos surpreendentemente sossegados. Tendo em conta que já era tarde e que estava tudo semi-exausto, pareceu-nos que não viria grande mal ao mundo se os deixassemos brincar num “labirinto” de cimento que por lá havia. O labirinto de labiríntico só tinha o nome, as paredes pareciam à prova de vandalismo, não havia ninguém por perto...”Que mal é que poderá acontecer?”, pensámos nós, e com isto aproveitámos para baixar a guarda durante um bocado. Nem cinco minutos tinham passado, quando os miúdos vêm a correr na nossa direcção a gritar “Fujam, fujam, eles partiram o vidro!!”. “Merda!”, penso eu, enquanto me entretenho a reflectir sobre o significado da ominosa frase. Passou-me muita coisa pela cabeça, mas acabei por me fixar na certeza de que eles tinham destruído um dos vidros do Pavilhão de Portugal. A medo e fazendo contas ao dinheiro que teriamos que pagar em indemnizações, lá nos aproximámos da zona do crime, qual CSI prestes a deparar-se com um conjunto de cadáveres mutilados. Eis se não quando, nos deparamos com um grupo de meliantes hard-core acabadinhos de sair de Chelas. Eu não trabalho com os meninos do coro de Santo Amaro de Oeiras, mas bastou um olhar para o dito grupo, para perceber que, perto destes, os jovens lá da zona são um bando de Mormons em abstinência Pascoal. Analisemos o cenário: Uma dezena de jovens, um bafo a álcool inconfundível, e um deles, o Líder da Matilha (L.M.), com um olho todo negro e vários cortes na cara. Quando chegámos, estava o L.M. a dizer, “Olha p’ra eles a fugir! Mas são só putos, deix’ós ‘tar.” Temendo a resposta, lá lhes perguntámos a medo o que tinha acontecido e o L.M. explica-nos que os miúdos (de 11 anos) resolveram atirar-lhes garrafas de vidro para cima. Sim, é mesmo verdade, os putos (de 11 anos, repito!) acharam que não havia nada melhor para fazer do que atirar garrafas de vidro para cima da malta do gueto!! “Merda!” penso eu novamente, de forma cada vez mais eloquente, mas numa onda diplomática, decidimos que o melhor a fazer era chamar os miúdos e obrigá-los a pedir desculpa e ouvir a malta de Chelas, que estava a fazer beats e a improvisar. O L.M. e respectiva matilha, começam a olhar bem para o estilo dos miúdos (“gangsta rap” em potência) e começam a puxar por eles: “faz aí uns beats”, “canta aí uma beca”, e quando demos por nós estavamos todos num ameno interlúdio musical, com o pessoal de Chelas a fazer rimas sobre a história da garrafa, chamando a atenção para a necessidade de os miúdos fazerem alguma coisa da vida, desviando-se dos maus caminhos – Irónico, não?!...
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Fica o vídeo como testemunha:
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PS. Alguém me explica a rima do Pai Natal e das antenas?!

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