Sunday, March 18, 2007

New York, New York - Os Bairros

Ainda com menos 3 centímetros de altura, depois da caminhada do dia anterior, resolvi apanhar um taxi para o Lower East Side.
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Momento de Cultura : Factos essenciais sobre os taxis de Nova Iorque
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1. São baratos. Por baratos entende-se mais baratos do que em Lisboa. O facto de eles pagarem metade do preço pela gasolina explica o fenómeno...
2. São loucos. Por loucos entende-se que são iguais, se não piores, que os nossos taxistas. Vale-tudo-até-arrancar-olhos: Passa-se o vermelho, salta-se para cima dos outros carros, muda-se de faixa as vezes que forem necessarias (qualquer coisa entre 10 e 100, independentemente do percurso), acelera-se à maluca sempre que possível e parte-se do princípio que os peões (sejam criancas com pernas partidas ou velhinhos em cadeiras de rodas) se vao desviar, eventualmente – sendo a palavra-chave, neste caso o “eventualmente”...
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Havia tanto a dizer sobre os bairros de Nova Iorque, mas infelizmente não temos tempo, por isso fica aí uma síntese:
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Lower East Side: Era, por definição, o bairro dos imigrantes. Recebeu vagas sucessivas de imigracao, a comecar pelos prussianos no seculo XIX, e ainda hoje tem uma comunidade muito diversificada, da qual a predominante é, sem dúvida, a judia. Passaram por aqui Alemães, Suecos, Judeus (de varias proveniências, incluindo aqueles que nós fizemos a gentileza de expulsar da Península Ibérica), Chineses, Italianos, Polacos, etc. Mais recentemente, tornou-se mais hip entre estudantes e artistas. Tem imensos deli’s, dos quais o mais conhecido é o Katz Deli, onde foi filmada a memorável cena do orgasmo do “When Harry Met Sally” (quem não viu o filme, que vá ver). A especialidade da casa, que todo o nova-iorquino que se preze já provou, é a Pastrami Sandwich, que é uma sandes sobre-dimensionada, com proteína animal suficiente para alimentar um exército, que supostamente ninguém acaba... Ninguém? Bom, vi com os meus próprios olhos, uma familia (mãe obesa, pai obeso, filho obeso...não sei se já detectaram um padrão?!), que não só comeu aquilo, como ainda rematou a experiência com um prato de batatas fritas e um doce. Claro que tudo isto foi devidamente acompanhado de bebidas Light e Diet Coke. Benvindos ao Estados Unidos...
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O que é preciso saber sobre os bairros da moda? O princípio é sempre o mesmo: Pega-se numa zona degradada, envelhecida ou sub-aproveitada, faz-se uma requalificação da zona, recuperando os prédios, criando alguns espaços públicos que conferem identidade à zona, arranja-se um nome catchy, de preferencia com siglas e convence-se alguns artistas, actores e malta da sociedade a mudar-se para ali. Muito simples e extremamente eficaz. Senão, vejamos os exemplos:
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SoHo (South of Houston street): Muitas lojas de roupa, livrarias e lojas de design. A população é heterogénea, da velhinha pobre que já lá morava antes do bairro se tornar famoso, à malta das artes e intelectuais versao fashionable.
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Greenwich Village: Muito giro e ainda mais fashionable. Nova Iorque versão Sexo e a Cidade e um dos sítios preferidos dos paparazzi para as “celebrity sightings”...
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Little Italy e NoLITA (North of Little Italy): Little Italy tem uns residuos de comunidade italiana, mas nada de fascinante. NoLITA foi mais uma estrategia de reconversão urbana. Nada a dizer...
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TriBeCa (Triangle Below Canal street): Idem, mas desta feita, a especialidade são os lofts, a preços proibitivos.
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Canal Street: Vale a pena percorrer toda a rua. Acima temos Soho e companhia. Abaixo temos TriBeCa. Andamos um bocado e vemos imensas lojas com coisas bem baratinhas onde se arranjam grandes negócios. No dia em que eu vim, estava povoada com todo o pessoal de Brooklyn (é só atravessar a ponte), que tinha vindo fazer as compras de fim-de-semana. Andamos mais um bocadinho e benvindos a Chinatown - cartazes em chines, todo o tipo de quinquilharias, peixe, roupa e tudo o que se queira comprar...
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Moral da historia?
E uma experiencia que se recomenda – o frenesim da Midtown, os neons da Broadway, a elaboracao das montras na 5th Avenue, a identidade de bairro do Lower East Side, o estilo avant-garde da malta de Greenwich Village, o ar sofisticado das pessoas em SoHo e TriBeCa, a misturada étnica e social de Canal St. e o surrealismo de Chinatown... soa um bocado a cliché, mas Nova Iorque é mesmo assim!



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